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O mais recente restauro

 

Em 2010, a Direção Geral da Cultura do Centro, chefiada por António Pedro Pita, lançou o concurso internacional para restaurar o órgão. O projeto foi entregue ao Mestre organeiro Dinarte Machado que ficou encarregue do restauro do instrumento desde então. O processo de restauração teve um financiamento de 650 mil euros, a partir do programa regional de aplicação de fundos comunitários Mais Centro.

 

As obras começaram em 2012 e terminaram em Maio de 2014. Para iniciar o processo foi necessário recolher as peças que o antigo organeiro responsável, António Simões, mantinha num armazém em Ansião desde o seu processo com o I.P.A.R. “O instrumento encontrava-se todo desmontado desde há muito tempo, pelo organeiro António Simões, que possuía ainda algumas peças essenciais”, esclarece Dinarte Machado.

 

O órgão do Mosteiro de Lorvão não estava completo há mais de um século e o desafio encontrava-se não apenas em restaurar a caixa – a estética –, que esteva a cargo da empresa Nova Conservação, mas voltar a dar também o som original ao instrumento que viu, ao longo dos anos, alguns dos seus mais de quatro mil tubos serem desmontados e retirados.

 

“Tive de recolher toda a informação técnica e histórica relacionada com este órgão, para poder estabelecer uma filosofia de intervenção. Depois, e com base em todos os estudos feitos, recorrendo a muito trabalho de investigação, iniciamos os trabalhos de recuperação e reconstrução, quer dos foles, quer de toda a tubaria, dos someiros, dos teclados e mecânica”, aclarou o Mestre organeiro.

 

Foram devolvidos ao órgão os mais de quatro mil tubos que lhe pertenciam originalmente, mas no total “mais de 6000 peças, todas elas diferentes” foram restauradas na íntegra. No entanto, a obra foi terminada antes do esperado. “O tempo de restauro, que rondou os dois anos, foi para este instrumento e especialmente para este trabalho, um tempo record. O estimado seria 3 anos consecutivos como tempo de intervenção e recuperação”, explica.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Além da caixa desenhada por Machado de Castro e de todos as peças dele caraterísticas, o órgão tem ainda a particularidade de estar colocado a meio da igreja do Mosteiro, o que faz com que este não tenha um refletor acústico e tenha duas faces – uma virada para a igreja e outra para o coro. Um ano após a reparação são muitos os benefícios encontrados.

 

“É uma peça fundamental aqui no Mosteiro. Primeiro porque é o único órgão de dupla face e é o maior do século XVIII de construção da escola de olaria portuguesa. Um ano após o restauro temos 14 concertos já realizados. Não temos apoios externos e quase todos os concertos que têm acontecido têm o espaço completamente cheio”, ressalva Rui Baptista, presidente da Junta de Freguesia de Lorvão.

 

O órgão trouxe outro ‘ânimo’ ao Mosteiro e às missas realizadas todas as semanas e os turistas aumentaram. “Há mais pessoas a visitar o Mosteiro. Temos feito um conjunto de coisas com a Câmara Municipal de Penacova numa tentativa que haja mais turistas para ver um conjunto de obras de arte, não só o órgão”, continua Rui Baptista.

 

Em Lorvão, as pessoas sempre deram valor ao órgão e até os mais jovens apreciam a obra de arte que depois de décadas voltou ao procurado ‘som original’. Depois de ver o trabalho feito, Dinarte Machado sente que fica ali uma “espécie de ‘filho’”. “O dia em que entrego as “chaves” é como se me retirassem uma parte de mim próprio”, acaba emocionado o Mestre organeiro.

 

Depois de décadas sem funcionar o órgão ganhou nova vida. A força de vontade da população foi essencial para passar todos os obstáculos que se intrometeram no caminho. “O órgão é uma prova de que as pessoas não se calando e se revoltando conseguem os resultados pretendidos. Foi uma vitória do povo de Penacova”, finaliza a Vereadora da Cultura, Fernanda Veiga

 

 

 

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